Cecília Coelho Especial para o CorreioWeb/Concursos
Vida de concurseiro, definitivamente, não é fácil. A rotina apertada de estudos exige que muitos abram mão de momentos de lazer. Na agenda, festas e tardes de sol são rapidamente substituídas por bibliotecas e cursos especializados. Qualquer esforço é válido para conquistar o tão sonhado cargo. Em um país com taxa de 10,2% de desocupação, segundo pesquisa mensal de emprego do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), esse tipo de seleção pode ser o passaporte para a estabilidade financeira e salários de ouro, que chegam a mais de R$ 19 mil.
Mas, para chegar lá, há um longo percurso a trilhar, e com muitas pedras. A começar pela concorrência. Anualmente, segundo Ricardo Ferreira, um dos organizadores da Feira de Concurso do Rio de Janeiro, cinco milhões de brasileiros se inscrevem em seleções públicas. Frente a tanta demanda, cursinhos especializados pipocam. Só em Brasília existem cerca de 16, com preços que partem, de acordo com a carga horária, de R$ 200 e passam dos R$ 4 mil. E aí surge a pergunta: vale a pena investir nessas instituições?
Para o juiz federal e autor do best-seller “Como passar em provas e concursos”, William Douglas, a resposta é positiva. “Acredito que valem a pena porque você lida com professores especializados e antenados nos conteúdos das prova. Mas quem não está inscrito em curso não está condenado a reprovar”, disse. O bancário da Caixa Econômica Federal Fernando Mesquita, 21 anos, que o diga. Achou desnecessário freqüentar aulas. Comprou uma apostila e estudou, sozinho, de duas a três horas por dia . “Tem que ter disciplina porque há muita coisa melhor para fazer do que ficar estudando”, contou.
Nesse ponto, Genivaldo Salgado, diretor do Instituto Obcursos, que oferece 15 cursos especializados no ramo, concorda. Explicou que a aprovação em concursos não depende exclusivamente das aulas, mas que elas dão maior disciplina ao candidato. “Um dia de aula corresponde a 15 em casa, estudando”, afirmou. Além de maior rendimento, a diretora do Instituto e Faculdade Processus, Claudine Fernandes de Araújo, apontou para outra vantagem. “O importante do cursinho é que ele mostra o caminho das pedras e os professores dão matérias que vão cair na prova”, explicou. A diretora admitiu, no entanto, que o desempenho do estudante fora das aulas também é fundamental.
Nesse quesito, Caroline Maciel Barbosa, de 28 anos, se esforça, mas aprendeu a balancear. Na luta pela aprovação abdicou, durante um ano, de tudo para se dedicar aos estudos. O resultado foi o início de fibromialgia, doença emocional que interrompe produção de serotonina e causa, além de uma pré-depressão, dores nas articulações.
Cuidados
Além desse problema, concurseiros enfrentam estresse, descrença neles mesmos e desmotivação. Para o psicólogo Alex Moreira a causa desses fatores são: a falta de informação sobre conteúdo de provas, boatos sobre a realização de provas e pressão adicional da família . Segundo Moreira, o candidato deve estabelecer objetivos, traçar prioridades e ter consciência da hora do dia em que o estudo rende mais. Concurseiros também devem ter cuidado com a alimentação. Segundo a nutricionista Priscila Aciole Lima, é recomendável comer de três em três horas e ter refeições mais leves. Frituras devem ser banidas do cardápio. “Isso ajuda a ter mais concentração e a não ficar com sono”, explicou.
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