Caro Maurício de Sousa, meu nome
é Kelsen Pio Belo Coelho, tenho 43 anos, sou casado e pai de 3 filhos, 2
meninos e uma menina, sou cristão, servidor público, e ao longo da minha vida
profissional aprendi a não misturar minha crença com minhas atividades profissionais,
nunca deixei de atender a uma pessoa por professar uma crença diferente da
minha, nunca embuti em meus trabalhos ou relatórios mensagens referentes a
minha fé, como minha própria idade entrega, eu cresci acompanhando e sabendo
quem era cada um dos personagens da “Turma da Mônica”, suas aventuras, suas mudanças,
os novos personagens como a Marina, a Dorinha, a revista da Magali, Turma da
Mônica Jovem, e tantos outros, me lembro do primeiro filme da turminha que vi
no cinema, “A Princesa e o Robô” e os demais que se seguiram, num mundo e numa
época em que os quadrinhos se perderam,
tornaram-se mais violentos, trouxeram mensagens mais perturbadoras, vi com
alegria a “Turma da Mônica” sobreviver e manter suas raízes, vi que ela
acompanhou o tempo e tratou de assuntos como vícios, drogas, “bulling”, e
tantos outros, nem sei quantas vezes indiquei para amigos, escolas, doações
para bibliotecas dessas revistas, e sempre dizendo que as mesmas traziam aquela
pureza, aquela fantasia infantil, me lembro com orgulho da história que você
fez tratando da morte do Papa João Paulo II, uma história fantástica, que
sempre me emociona quando leio, pois bem, qual não foi a minha surpresa e decepção ao ver noticiado na
mídia a série de publicações da “Turma da Mônica” manifestando a doutrina do Espiritismo
Kardecista.
Maurício, é
um direito seu ter a sua respectiva crença, você como proprietário da Maurício
de Sousa Produções pode publicar o que quiser, mas não consigo esconder a minha
decepção com tal atitude, não importa o que você diz estar divulgando nessas
revistas, “paz, amor, humildade, etc.”, a questão não é essa, diversas
religiões dizem o mesmo, mas nenhuma delas, nem mesmo o espiritismo fica
somente nisso, cada um crê no que quer, mas usar um símbolo nacional - pois na
minha opinião a “Turma da Mônica” se tornou isso para diversas gerações – para divulgar
uma determinada doutrina religiosa é mais que ofender aos demais credos, é
tirar toda a fantasia e pureza que havia nessa turminha, Maurício, ao ver tal
notícia divulgada, meu mundo de fantasia e admiração com a turminha ruiu,
desmoronou, não tenho como mostrar para meus filhos uma revista que junto com
mensagens de paz e amor, também trata de “vidas passadas”, “reencarnação” entre
outros pilares da doutrina espírita, não dá, pois não há diferença entre essas
revistas e revistas e folhetos comuns de outras religiões, acaba a fantasia e
começa o desrespeito, a invasão a minha fé e ao que ensino aos meus filhos.
Maurício,
essa não é uma carta de um cristão furioso e radical, é o desabafo de um fã que melhorou sua leitura lendo as revistas da “Turma da Mônica”, que se alegrou com
cada aventura, que lia e relia cada “gibi” várias vezes, é o desabafo de alguém
que se sente como uma criança que teve seu brinquedo preferido quebrado e que só
pode chorar de tristeza, é como me sinto hoje, um fã que durante 40 anos leu,
releu, viu os filmes no cinema, ostentou a alegria de ser um fã da “Turma da
Mônica” e hoje não pode mais dizer isso.
Um abraço!
Kelsen Pio Belo Coelho