quinta-feira, novembro 14, 2024

Diário de Bordo 17 – Consumismo no Bushcraft, Preparação e Sobrevivencialismo

       
        De uma década para cá, os termos “bushcraft”, preparação e sobrevivência deixaram de ser palavras-código de um segmento muito específico, para se tornarem assuntos de debate mundial, a TV trouxe enxurradas de programas a esse respeito, muitos deles de excelente produção, outros já nem tanto, nada contra isso, acho até importante essa divulgação, mas o que vem junto é o que está se tornando um problema.

A afirmação de I João 5:19 que diz: “Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno” está claramente se cumprindo, o mundo de fato está cada vez mais “louco” em todos os aspectos, sejam nas questões de desastres naturais que assolam os continentes de diversas formas, seja no fato que basta um simples esbarrão, para que 2 ou mais nações entrem em guerra, buscando a melhor forma de matar por qualquer motivo, na minha opinião, a falência total da sociedade é questão de tempo.

E é aí que esses conceitos entraram com mais força, pois inúmeras pessoas tiveram que aprender bushcraft, preparação e sobrevivência para não morrer, mas isso se espalhou para outros segmentos, o que é muito bom, pois parece que as gerações de hoje nascem dentro de um shopping e não na maternidade, totalmente alienados da realidade.


        É claro que isso fez nascer um novo mercado consumidor, mesmo que digam que já havia produtos para isso, isso não se compara ao que ocorre hoje, facas, roupas, botas, mochilas, equipamentos táticos vendidos para o mercado civil, alimentação, veículos e por aí vai. Não vou ser hipócrita e criticar esse viés, eu concordo que deve existir sim um ramo que atenda bem a esse público, um exemplo simples seria o mercado de facas no Brasil, para quem não sabe ou não se lembra, até meados dos anos 1980, o mercado nacional era praticamente fechado para produtos estrangeiros, e por aqui tínhamos muito poucas opções, as melhores referências eram as fábricas da Tramontina e da Mundial, ambas produziram modelos clássicos de facas, facões, machados e machadinhas, muitas destas, alvos de colecionadores hoje, mas era uma exceção e não uma regra. Hoje, temos todo um ramo da indústria voltado para esse meio, sejam equipamentos novos, sejam equipamentos militares, é só escolher. Mas aí vem ocorrendo um sério problema na minha opinião, as pessoas estão confundindo equipamentos com habilidades e estas duas palavras sequer são sinônimos, não entendeu? Vamos lá!

Ao longo da história da humanidade, o homem teve que desenvolver ao máximo as suas habilidades, nossos ancestrais sabiam improvisar varas de pesca com galhos de árvores até evoluir para o bambu-maçico, - também conhecido como bambu-caniço - sabiam rastrear, caçar, colocar armadilhas, preparar abrigos usando recursos da natureza, conheciam as técnicas de fogo primitivo, faziam amplo uso de plantas medicinais e por aí vai, a evolução dos equipamentos veio da necessidade de se facilitar o uso dessas técnicas, isso é natural, a própria evolução das facas, podendo dar destaque as facas Bowie – a minha preferida – e a Nesmuk, que cumpriam muito bem suas funções, mas ainda assim eram ferramentas, cabia a seus usuários saber como usá-las e quando usá-las, e para isso tinham que desenvolver suas habilidades e conhecer suas limitações. Por décadas, esse conhecimento era passado para as gerações seguintes, mas com o tempo, isso acabou sendo colocado de lado e se perdendo.


         O que vemos hoje é um festival de “influencers” – sinceramente, eu destesto essa palavra e o que ela representa -
  cada um indicando a “bota do apocalipse”, a faca que faz a faca do Rambo parecer uma faca de bebê, calças táticas que não rasgam nem no arame farpado, passando a ideia de que sem isso, você não é nada.

Esse pensamento consumista, aliado com a inanição de conhecimento, tem resultado numa geração anestesiada e que acha o máximo ser inútil e recorrer ao celular para tudo, pode parecer piada, mas isso é bem comum e posso citar algumas experiências pessoais em que pude comprovar essa teoria:

  • Já estive em vários acampamentos com grupos e amigos, em que o número de “lâminas virgens” era enorme, pessoas com facas de marca que acho que nunca saíram da bainha, um caso famoso foi de um colega, que após ouvir algumas piadas sobre sua faca nunca ter sido usada para nada, tirou a faca da bainha, cortou um tomate, limpou a faca e a guardou de volta, nascia alia a expressão “faca tomateira”, que usamos para falar desse tipo de faca;
  • Num camping, um colega teoricamente experiente, foi acender uma fogueira, ele simplesmente tirou uma isca de fogo de churrasco, acendeu, colocou um tronco de quase um palmo de espessura acima dessa isca e achou que ele iria pegar fogo só com isso;
  • Num dos cursos ministrados – acho que o curso era o “Cobra Criada”, se não estou enganado - pelo professor e amigo Giuliano Tonniolo, para introduzir as pessoas nesse ambiente do bushcraft, um dos alunos levou 25 facas para o curso, levou 8 ou 10 para o campo e deixou o restante no carro, mesmo tendo sido orientado sobre o que levar;
  • Na primeira vez que participei do Encontro Nacional de Grupos de Bushcraft, no Rio de Janeiro, bem no meio da mata atlântica, uma pessoa havia comprado uma bota muito cara, mas própria para atividades “outdoor”, e ao chegar no local, se recusou a calça-la dizendo que “não iria usar a bota ali porque o ambiente tinha muita lama”, é sério;
  • Já testemunhei pessoas tentando pescar peixes de 8kg, com anzol e linha para peixes de no máximo 1,5kg;
  • Cansei de ver as pessoas se acidentarem na natureza e não terem sequer um comprimido para tomar, quanto mais um kit básico de primeiros socorros;
  • Por várias vezes, fiz uso de plantas medicinais para ajudar colegas que passaram mal no meio do mato e não tinham nada para se tratar;
  • Já fiz e faço diversos cursos e treinamentos de bushcraft, ministrados por pessoas altamente capacitadas, e já percebi que apesar de participar de um grupo com mais de 130 pessoas no whatsapp, apenas 20% é participante das atividades realizadas ou dos cursos, buscando algum tipo de aprimoramento;
  • Tive uma doença de pele que atingiu minha mão direita e por 6 meses, usei todo o tipo de medicamentos e nada resolvia, após ir numa incursão na floresta amazônica, me apresentaram a árvore sucuúba, da família da seringueira, cuja seiva tinha propriedades medicinais, ao aplicar isso na minha mão, em 24 horas, a doença de pele foi curada e nunca mais retornou;
  • Um policial militar simplesmente resolveu customizar sua pistola e teve a “brilhante ideia” de passar tinta óleo – a mesma usada para pintar portas de metal – na sua arma, que por pouco isso não termina em tragédia durante um treino de tiro;
  • Conheço e já vi diversas pessoas, inclusive um colega que simplesmente estava ligando para o seguro automotivo, para que enviassem alguém para trocar o pneu do seu carro, uma vez que ele não sabia fazer isso.

Se você chegou até aqui, com certeza teve um misto de riso com surpresa, mas infelizmente as coisas estão indo do que relatei acima para pior.

        Uma das melhores explanações sobre toda essa questão, foi feita por Selco Begovic, para quem não sabe, ele é um sobrevivente da Guerra dos Balcãs (Guerra da Bósnia), ele era um sujeito comum, que sequer sabia o que era preparação e sobrevivência e foi pego no meio dessa guerra, durante um ano teve que viver numa cidade sitiada, sem água, comida, eletricidade e com recursos escassos, teve que se tornar um sobrevivencialista da noite para o dia para sobreviver, testemunhou todo o tipo de horrores e atrocidades, violência gratuita, comeu alimentos podres, brigou por coisas ínfimas, como uma lata de sardinha, teve que matar para sobreviver, seus relatos estão no seu blog SHTF Shcool - https://www.shtfschool.com/, mas também foram traduzidos pelo Júlio Lobo, no blog https://sobrevivencialismo.com/tag/selco/, recomendo muito a leitura dessas postagens traduzidas.

Ele disse o seguinte:

Sobrevivencialistas e preparadores são (ou supostamente são) a definição de pessoas espertas, que não confiam nas ¨!%# que transmitem nos noticiários, que seguem seus próprios caminhos para serem vencedores no fim.

Na realidade a verdade é bastante diferente.

Nós todos gostamos de dizer que somos diferentes mas assim como todos os outros, também podemos ser influenciados.

Quantas vezes você ou algum preparador construiu uma opinião formada sem ao menos checar se ela fazia sentido? Quantas vezes você comprou um equipamento novo somente porque achou que “era uma boa ideia”? Geralmente o caminho mais fácil é acreditar no que os outros dizem e não tentar nada por si próprio, claro.

Uma das coisas mais estúpidas ou piores erros que você pode fazer ao entrar na preparação é se deixar levar pela “moda”. Coloque o rótulo de preparador em você e então você começa a pensar que é mais esperto que os outros.

Você pode estar pensando que preparadores e sobrevivencialistas não podem entrar na moda pois isso não faz sentido, mas sim, nós podemos.

Nós vamos comprar uma mochila nova porque alguém disse “é a melhor escolha” e nem mesmo nos damos trabalho de checar quem é esse cara que disse isso. Ou vamos dizer “eu tenho a melhor arma para uma crise” pois alguém colocou uma gigantesca quantidade de dinheiro para fazer marketing desse modelo.

Se a maioria dos preparadores olharem para seus estoques verão que existem muitos itens que eles sabem utilizar em teoria, mas não na prática.

Posso dar minha opinião muito pessoal a respeito dessa afirmação do Begovic, há um vídeo no youtube de um certo “influencer” que fez uma comparação entre diversos produtos para bushcraft, preparação e sobrevivência, e em certo momento ele comparou o produto A com o produto B, e mostrou uma série de argumentos questionáveis, afirmando que o produto A era melhor que o B, ele só se esqueceu de dizer 3 coisas:

1.      Ele era patrocinado pelo produto A;

2.      Que o produto B já tem mais tradição no mercado, é muito melhor e é usado no mundo inteiro;

3.      Que o produto A tinha uma vida útil muito menor que o produto B, mas que custava mais do que o produto B.

Ou seja, qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência, para esse pessoal, que se d@*# a ética, o importante é vender produtos e usar o cupom de desconto para isso, ou seja, ocorre aqui o que Begovic afirma logo abaixo:

O problema é que hoje são as pessoas que dizem o que é bom para você e não o que realmente é bom para você, que faz sentido em você ter.”, ou seja, Coisas como botas, calças e bandanas apropriadas podem fazer muita diferença. Uma capa de chuva pode significar muito se você for forçado a usar uma casa destruída sem telhado como abrigo durante a chuva.

Sempre que eu encontro discussões do tipo “Equipamento tático – o que é melhor?” Eu lembro de coisas como a bandoleira que meu vizinho tinha para sua pistola feito com elásticos ou o coldre para facas de cozinha feitas com capas de livro e coisas semelhantes.

Não é que precisemos voltar para a idade da pedra com equipamento e sermos maus. É sobre o fato de que pessoas com habilidades para se adaptar têm mais chances de sobreviver. Não é que seja errado escolher equipamentos legais, é sobre a possibilidade de um vovô de setenta anos com um rifle enferrujado matar você não importando o que você estiver usando.

Então basicamente um simples lembrete é: Passe mais tempo aprendendo habilidades ou refinando conhecimentos do que pesquisando e comprando equipamentos.

Se você chegou até aqui, vou resumir tudo em dois parágrafos:

Se guie pelo versículo de 1ª Tessalonicenses 5:21 “Mas ponde tudo a prova. Retende o que é bom”;

Tem um ditado que diz: “quem quer fazer, arruma tempo, quem não quer, arruma desculpas!”, gosto muito de uma frase em latim que diz o seguinte: “Omnia mea mecum porto” - “Tudo o que é meu eu carrego comigo”, ou seja, minha inteligência e minhas habilidades ninguém tira.

sábado, fevereiro 10, 2024

Diário de Bordo 16 - A Mandioca

Na prática do sobrevivencialismo, onde a preparação para situações extremas e a autonomia são fundamentais, a mandioca se destaca como um recurso valioso na alimentação. Sua adaptabilidade, facilidade de cultivo e valor nutricional fazem dela um componente-chave para garantir a subsistência em cenários de emergência.

A mandioca, também conhecida como aipim ou macaxeira em diferentes regiões do Brasil, é uma planta que desempenha um papel vital como alimento de sobrevivência em diversas partes do mundo. Com suas raízes tuberosas comestíveis, a mandioca se destaca por sua resistência, adaptabilidade e valor nutricional, tornando-se uma fonte essencial de subsistência em muitas comunidades.

Em regiões tropicais e subtropicais, a mandioca é cultivada devido à sua capacidade de prosperar em solos pobres e condições climáticas adversas. Suas raízes contêm amido, carboidratos e uma variedade de nutrientes essenciais, tornando-a uma fonte valiosa de energia. Além disso, a mandioca é rica em fibras, vitaminas do complexo B e minerais como ferro e cálcio.

A versatilidade da mandioca é outra razão pela qual ela é um alimento de sobrevivência tão importante. Pode ser consumida de várias maneiras, desde a preparação de farinha de mandioca até a produção de diferentes pratos, como aipim cozido, purê de mandioca, ou até mesmo a famosa tapioca. A capacidade de armazenamento prolongado das raízes também contribui para sua utilidade como alimento de emergência em situações de escassez.


Além de sua importância nutricional, a mandioca desempenha um papel crucial na segurança alimentar de muitas comunidades. Sua resistência a pragas e doenças, juntamente com a capacidade de crescimento em condições adversas, faz dela uma cultura confiável para agricultores em regiões propensas a eventos climáticos extremos.

Em resumo, a mandioca não é apenas um alimento básico em muitas dietas ao redor do mundo, mas também um recurso essencial para a sobrevivência em comunidades que dependem da agricultura sustentável. Sua adaptabilidade, valor nutricional e versatilidade a tornam uma aliada valiosa em situações de escassez, destacando seu papel fundamental como um alimento que vai além do simples sustento, contribuindo para a resiliência e segurança alimentar de populações em diferentes contextos.

 

Características

 

    1.  Cultivo Resistente: A mandioca é conhecida por sua resistência a condições adversas. Ela pode prosperar em solos pobres e resistir a períodos de seca, o que a torna uma escolha robusta para o cultivo em ambientes desafiadores. Sua capacidade de crescimento em diversas regiões contribui para a autonomia alimentar em situações de isolamento;

   2. Armazenamento Duradouro: As raízes de mandioca têm uma durabilidade significativa quando armazenadas adequadamente. Isso é crucial em cenários de sobrevivência, onde a disponibilidade de alimentos pode ser intermitente. A capacidade de manter as raízes por longos períodos permite o acesso a uma fonte estável de alimento durante crises prolongadas;

3.  Versatilidade na Preparação: A mandioca oferece diversas formas de preparo. Pode ser consumida cozida, assada, frita ou transformada em farinha. A farinha de mandioca, por exemplo, é um ingrediente versátil que pode ser usado para fazer diversos pratos, como mingaus, bolos e até mesmo pães. Essa variedade de preparações aumenta a flexibilidade na dieta durante períodos de escassez;

4.  Rica em Nutrientes Essenciais: A mandioca é uma excelente fonte de amido, carboidratos complexos, fibras, vitaminas do complexo B e minerais. Esses nutrientes são essenciais para sustentar a energia e a saúde em situações desafiadoras, fornecendo os elementos necessários para o funcionamento adequado do organismo;

5. Autossuficiência na Produção de Alimentos: O cultivo da mandioca permite que os praticantes de sobrevivencialismo alcancem uma certa independência na produção de alimentos. A capacidade de multiplicar as plantas a partir de pedaços de raízes faz com que seja possível criar uma plantação contínua, reduzindo a dependência de fontes externas.

 

Características Climáticas da Mandioca

        Veja algumas características que a mandioca possui, com relação à influência do clima sobre seu plantio:

    1. Mandioca consegue reter água em seus tecidos. Dessa forma, não perde água facilmente para o ambiente, tornando-se uma planta mais tolerante à seca;
    2. Com raízes profundas, a mandioca consegue alcançar água em até dois metros de profundidade;
    3. Tolera altas temperaturas radiação solar;
    4. Consegue fazer fotossíntese mesmo com pouca água em sua folha;
    5. Adaptável a diferentes condições climáticas e solo.

 

Produtos Derivados da Mandioca


A mandioca é um alimento super versátil e dela podem ser extraídos vários produtos que servem como base para preparações culinárias saudáveis. Essa multiplicidade está relacionada com a espécie de mandioca, pois as muitas variedades pertencem a apenas dois tipos de mandioca: a mansa e a brava. Vamos explicar melhor a diferença entre elas no tópico abaixo. 

Após ser colhida na terra, a mandioca pode ser vendida em pedaços ou descascada e aí são extraídos vários produtos, são eles: 

  1. Farinha de mandioca convencional - aquela que é encontrada na maioria dos mercados ou feiras; 
  2. Farinha d’água ou puba - a mandioca descascada fica de molho na água e ali ocorre a fermentação. Essa massa é seca e fica mais granulosa, crocante. Mas o sabor e a textura variam de cada produtor e região; 
  3. Tucupi - depois de descascada e ralada, a mandioca é colocada numa prensa chamada tipiti. O cesto cilíndrico é torcido e dele sai um líquido que depois de repousado fica dividido em duas cores. O caldo amarelado é cozido e misturado a ervas e especiarias se torna o tucupi e serve de base para receitas, como tacacá e pato no tucupi;
  4. Polvilho doce - o líquido branco que fica na camada abaixo do tucupi é o polvilho doce, que também tem o nome de fécula de mandioca; esta, por sua vez, é a massa da tapioca e das bolinhas do sagu;
  5. Polvilho azedo - é obtido da mesma forma que a versão doce, com a diferença que essa fécula vai ser fermentada e ficar com um sabor mais azedinho. É a base indispensável para a preparação do pão de queijo;
  6. Grolado ou crueira - são as fibras e pedaços mais duros que sobram após ralar a mandioca. Pode ser consumido como uma espécie de cuscuz de mandioca por ser mais “caroçudo”. Nas imediações das casas de farinha, é também destinado à alimentação dos animais; 
  7. Maniva - as folhas do arbusto da mandioca são fervidas por três dias (trocando a água) e se tornam uma pastinha bem suculenta. Serve como base para a maniçoba, prato típico paraense que leva os mesmos ingredientes da feijoada, mas sem o feijão;
  8. Tiquira - bebida destilada extraída da mandioca, muito comum nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará.


A Espécie de Mandioca para Fritar é Diferente da que Faz Farinha 

 

Conforme mencionamos acima, as diversas variedades de mandioca estão classificadas dentro de duas categorias: mansa e brava.

Os nomes são sugestivos mas fazem todo sentido. As mandiocas da espécie brava apresentam uma grande concentração de ácido cianídrico, que está presente tanto nas folhas quanto nas raízes da mandioca. 

Esse composto químico pode provocar a intoxicação de humanos e animais. Para ser consumida, qualquer parte da mandioca brava deve ser triturada e descansar ao ar livre, o que elimina o ácido.

Já a mandioca em pedaços vendida em feiras e mercados pertence à espécie mansa e não apresenta risco algum para o consumo. 

As duas denominações podem ser raladas, processadas e virarem farinha. Porém, a brava não está disponível para consumo in natura. 

 

Mandioca: O Alimento do Século 21 

 

Motivos não faltam para elencar a mandioca ao posto de alimento tão importante. É preciso entender primeiro o período que compreende o século XXI. A virada de século aconteceu em 2001 e vai até o ano de 2100.

Eleita pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o alimento mais importante do século, a mandioca é cultivada em mais de 100 países tropicais e subtropicais e serve como base de alimentação de mais de 800 milhões no mundo. 

Além disso, o tubérculo se desenvolve bem em solos pouco férteis, requer poucos insumos para o cultivo e tem boa tolerância à seca e aos ataques esporádicos de pragas.

Em resumo, a mandioca é um componente valioso na alimentação sobrevivencialista, oferecendo uma combinação única de resistência, versatilidade e valor nutricional. Integrar a mandioca no planejamento alimentar em situações de sobrevivência pode ser uma estratégia inteligente para garantir uma fonte confiável de alimento em condições desafiadoras.


 

quinta-feira, dezembro 28, 2023

Diário de Bordo 15 - Velhos Hábitos Para Novos Tempos - Agenda Telefônica

 

    Alexander Graham Bell, que inventou o telefone, registrou o primeiro modelo em 1876, embora a licença não descrevesse essa invenção como tal. A partir daí, a popularidade dessa invenção correu o mundo, principalmente o dos negócios, que viu ali a chance de elevar o nível dos negócios para outro patamar, algo que realmente aconteceu. Inicialmente os custos dessa invenção eram proibitivos para o público comum, mas como a sua distribuição no meio empresarial, foi uma questão de tempo até as pessoas poderem dispor de um telefone em suas casas, e isso não demorou muito, pois apenas 2 anos depois surgia a primeira lista telefônica do mundo, publicada em 21 de fevereiro de 1878 pela Connecticut District Telephone Company em New Haven, estado de Connecticut, nos Estados Unidos. Ela possuía apenas 50 nomes de empresas, escritórios e demais assinantes que tinham um telefone. Esta lista não continha o número do telefone, mas somente a relação de assinantes.

    Foi em 1880, em Massachusetts que passou-se a identificar os assinantes pelos números de telefone. Em 1883, em Shian De Laomi, no oeste americano, foi editada a primeira lista em páginas amarelas, sendo que em 1886 foi editada pela R.H. Donnelley Company em Chicago a primeira lista classificada, contendo a relação de assinantes ordenados por atividade.

    E finalmente no ano de 1906 a Michigan State Telephone Company publicou um catálogo telefônico contendo a lista de assinantes impressa em papel branco e uma lista classificada, com publicidade dos assinantes, impressa em papel amarelo, formato esse consagrado com o tempo.

    Em 1938 a AT&T encomendou a criação de um novo tipo de fonte, conhecido como Bell Gothic, com o objetivo de ser legível em tamanhos de fonte muito pequenos quando impresso em papel de jornal onde pequenas imperfeições eram comuns.

Agenda telefônica de Steven Spielberg

    Não vou entrar aqui na história das listas telefônicas, mas o principal fato que quero chamar a atenção é que nasceu daí o hábito das pessoas anotarem os telefones que precisavam em papéis, que evoluiu para cadernos, que acabou evoluindo para a agenda telefônica, em tamanhos diversos, durante décadas, era comum que as pessoas fizessem uso de agendas telefônicas, nos mais diversos tamanhos, com o tempo, qualquer agenda ou caderno trazia pelo menos algumas páginas dedicadas ao registro de telefones.


    Com o “boom” da internet no Brasil na década de 1990, a agenda de telefones evoluiu para as agendas eletrônicas, para os assistentes pessoais, depois com o advento dos telefones celulares, a agenda telefônica já estava inclusa, e era uma grande vantagem, você registrava diversas informações ali e bastava escolher o número e clicar para fazer a ligação, uma maravilha! Quem aí iria se preocupar em anotar tudo em uma agenda de papel e ficar carregando ela para todos os cantos? A internet incorporou as agendas, fazendo um “upload” de seus contatos para a “nuvem”, de onde você poderia acessar de qualquer lugar do mundo, tudo a um clique de distância, sempre disponível. Mas não é bem assim que acontece.....

A tecnologia da informação tem 5 pilares básicos de segurança:

1. Confiabilidade ou Confidencialidade: Garantia de que os dados não sofrerão divulgação ou acesso “não-autorizado”;

2. Disponibilidade: Garante que as informações estejam à disposição de gestores e colaboradores para consulta a qualquer momento, assegurando sua acessibilidade.

3.  Integridade: Garantia de que os dados recebidos são verdadeiros;

4.  Autenticação: Garantia de que mensagem é autêntica;

5.  Acessibilidade: Capacidade de controle de acesso somente a quem pode ter acesso.


    É no ponto “Acessibilidade” que entra o problema, diferente do que acontecia com os 1ºs celulares - cuja bateria durava 1 semana, como o famoso Nokia 3320 – as baterias dos celulares atuais não duram nem perto de 2 dias. O telefone celular evoluiu de um aparelho de uso externo, para quase um “marca passo digital”, o celular sepultou diversos hábitos e tecnologias, fazendo inclusive com que a geração atual desconheça coisas comuns até 10 anos atrás e se tornando um “gadget” imprescindível na vida da maioria das pessoas, algumas chegando a serem viciadas em celulares. 

    Recentemente, não apenas o Brasil, como diversos locais pelo mundo sofreram com “apagões” elétricos e eletrônicos, quedas de torres de transmissão de energia, enchentes que causaram isolamentos, rompimento de cabos da internet, guerras, tudo isso levou muita gente a ficar sem comunicação, sem internet e sem celular e como diz o ditado: “não há nada tão ruim, que não possa piorar”, e mesmo que isso não tenha acontecido com você, com certeza esta situação aqui lhe é familiar: a bateria do seu celular acabou, num momento ruim, onde você não tinha um carregador, ou você estava num local sem tomada, e nesse momento, você, assim como muita gente, precisou de algum telefone ou dados do seu contato, como o endereço ou o e-mail, e por não ter conseguido isso, você teve algo entre aborrecimentos e/ou problemas por não ter acesso a um dado simples.

    Sei que pode parecer ridículo, mas se você analisar todo o contexto, você já parou para pensar que todas as suas informações, sejam pessoais ou profissionais, estão contidas em um dispositivo eletrônico, com uma bateria “sem-vergonha” que não dura mais de 40 horas com uso contínuo, que pode te deixar na mão a qualquer momento, mesmo que você esteja “dando carga” nele, não é arriscar muito? Não? Pois bem, há 10 anos se alguém te perguntasse: “Qual é o número da sua conta de banco?”, muita gente falaria isso de cor, hoje com o advento dos aplicativos de banco e a facilidade dos “bancos digitais”, quantas pessoas sabem de cor a sua conta do Nubank ou do Banco Inter?

    Sinceramente? Voltar a fazer o uso de uma agenda de papel é o mais prudente em minha opinião, em maior ou menor grau, as possibilidades de problemas ou desastres existem e tem acontecido em um número maior de vezes. Se todos os seus números de contato, endereços e outros dados estão apenas no seu celular ou na “web”, então você está se arriscando muito, ter um plano “B” é o princípio da prudência, se você não pensa assim, é bom rever seus conceitos.

    Sei que muitos vão questionar aqui a questão de importância ou segurança dos dados colocados em uma agenda, é óbvio que você não deve anotar suas senhas em uma agenda, mas manter sua lista de contatos em separado é melhor, se for o caso, você pode até transportar sua lista de contatos do Google para um aplicativo e depois imprimir o mesmo, mas reforço, ter acesso a seus contatos ou outras informações em uma situação de pane, pode ser a diferença entre a vida e a morte!

 

 

 

 

quarta-feira, dezembro 06, 2023

Diário de Bordo 14 - A Diretiva Homem Cinza

 

O que é a "Diretiva "Homem-Cinza"

 


Nos últimos anos, a cultura sobrevivencialista cresceu muito, muitas pessoas começaram a entender a importância da preparação e do sobrevivencialismo, mas uma expressão recorrente tem surgido e provavelmente você já deve ter ouvido sobre "Gray Man Directive", ou "Diretiva Homem Cinza".

Ela se refere a qualquer pessoa, seja homem ou mulher, de qualquer idade, com o único intuito de esconder habilidades operacionais, de sobrevivência ou portando equipamentos táticos.

Essa diretiva é uma adaptação dos manuais de espionagem da CIA, KGB, FBI, NSA, Forças Especiais e até o nosso SNI (atual ABIN), essa evolução foi maior nos tempos da Guerra Fria, com o fim dela, muitos dos "especialistas" dessas agências, foram para o mercado civil e como de praxe, oferecem seus "serviços" para o público, com o passar dos anos, o crescimento do terrorismo e da violência se tornaram um problema urbano mundial, essas "pragas" não se mantiveram em limites continentais, mas cresceram sem controle em todo o lugar, isso exigiu que as práticas de espionagem fossem adaptadas para o público comum.


Eu estava assistindo um episódio da série clássica "MacGyver - Profissão Perigo" - a antiga, que passou na tv nos anos 1980 - e vendo um episódio, vi um diálogo curioso, o personagem MacGyver, estava em seu apartamento, de frente para a praia, esperando uma pessoa que ele deveria ajudar, de repente, aparece na rua, um sujeito dirigindo um corvette amarelo ovo (é  sério), o carro para e sai dele um jovem rapaz usando um blazer, MacGyver olha e diz; "Bonito carro, esporte, não muito exótico, o tipo de carro que um jovem arquiteto dirige, esse deve ser o meu encontro das 10 horas!", o sujeito anda e Macgyver - que está vestindo um moleton amarelo da Universidade de Minnesota - o chama pelo nome, durante a conversa, o sujeito, que precisa da ajuda do Mac (só para os amigos íntimos) para entrar num programa de proteção a testemunha, diz o seguinte: "Você não parece com um conhecido perito em segurança pessoal!", entrou em prática aí o protocolo "homem cinza", qualquer pessoa que não conheça a série, com certeza não vai acreditar que esse sujeito é um gênio, altamente treinado, com experiência nas mais diversas situações e que parece um balconista de uma cafeteria, uma aplicação mais prática disso eu desconheço!

Mas como isso funciona? Simples, sendo o mais simples possível a vista de todos, não permitindo que a sua aparência, que os seus acessórios passem uma mensagem sobre quem você é! Por exemplo, a polícia já treina seus agentes para conhecer um bandido apenas pela roupa, por aqui, costuma se dizer que se o sujeito estiver usando o "kit peba" - peças de roupa específicas, bonés, acessórios - ele já merece ser revistado, existem muitas "tatuagens do crime" que já caracterizam claramente um bandido, mas e as pessoas comuns? Suas roupas, acessórios e hábitos podem dizer muito sobre ela, vejamos:

 

  • O "playboy" ou a "patricinha" usa roupas caras, relógios a vista, carros chamativos, celular da moda, jóias a vista;
  • Militares, ex-militares e muitos agentes de segurança andam com roupas táticas, principalmente camisas mais justas, mostrando o fisico, corte de cabelo padrão, costumam usar coturnos ou botas táticas no dia-a-dia, portam lâminas, mas cometem o erro de deixá-las a mostra;  
  • Por aqui, em muitos estados turísticos, é muito fácil saber quem é turista, as roupas, os acessórios, principalmente máquinas fotográficas, celulares, bermudas coloridas e camisas saídas da série de tv "Magnum", dos anos 1980 (Deu para reparar que estou bem nostálgico), e principalmente, com carteiras "estufadas", cheias de cartões de crédito.

Esses são apenas alguns exemplos de leitura de uma pessoa, essas leituras vão definir se a pessoa é uma ameaça ou um alvo.

O objetivo dessa diretiva é fazer com que qualquer pessoa passe despercebida, que passe uma imagem de que não representa nenhum perigo, mas passar despercebido e passar uma imagem de alguém sem importância, não é ser alguém despreparado e sem importância, o objetivo é não deixar que saibam que você é um bom lutador, um policial ou que está carregando algo valioso.

Uma habilidade que é muito útil e que vai te ajudar aqui é a consciência situacional, ela faz com que você tenha a capacidade de idêntificar ameaças e tomar decisões em situações de emergência.

Bem, se você é uma daquelas pessoas que costuma usar um checklist para evitar de esquecer do que tem que fazer, então confira o checklist abaixo com os principais pontos de como ser um gray man:

 

  • Evite chamar atenção com objetos chamativos ou muito caros;
  • Não use roupas que são fáceis de serem lembras, como cores específicas ou estampas muito chamativas;
  • Evite usar calçados chamativos ou muito característicos, como uma bota ou sapato;
  • Tome cuidado com os acessórios que você utiliza;
  • Tenha um comportamento neutro em meio à multidão;
  • Tome cuidado com gírias em sua fala;
  • Siga o fluxo das pessoas;
  • Sempre leve em consideração o contexto da região ou ocasião.

A "diretiva homem cinza" é uma consequência da máxima "Prepare-se para o pior, mas espere o melhor.”. É possível se locomover de maneira rápida, sem alertar outras pessoas e escondendo suas habilidades para quando necessário.


Ao parecer despreparado, as probabilidades de se tornar um alvo em potencial são menores e isso pode garantir sua sobrevivência. Afinal de contas, não chamar a atenção ajuda nesse processo.

Mas entenda uma coisa, o principal sucesso de qualquer diretiva, treinamento, habilidade é a sua adaptação para a realidade de quem a pratica. Você pode ler diversos manuais, ver vídeos, filmes, tudo que possa mostrar isso, mas você tem que adaptar isso para a sua realidade.

Se quiser ver algum filme ou série sobre isso, eu sugiro a série "MacGyver - Profissão Perigo", dos anos 1980, o personagem MacGyver é o melhor exemplo da "diretiva do homem cinza" que pode ser mostrada e aplicada.


quarta-feira, novembro 29, 2023

Diário de Bordo 13 – Livros de Sobrevivência – 100 Habilidades Mortais

 

                Bom, voltando a ativa depois de algum tempo de inatividade, estou trazendo para vocês uma análise pessoal sobre vários materiais escritos sobre sobrevivência, técnicas de combate, bushcraft, preparação, etc.

            Existe hoje uma grande vantagem, a internet colocou muita coisa à disposição, oferecendo praticamente qualquer material sobre todos os assuntos possíveis, mas aí vem pelo menos 2 problemas:

 

1.      Em meio a tanta coisa publicada, você terá que fazer a separação do “joio do trigo”, pois vou ser sincero, tem muita porcaria publicada, muito material do tipo “Diz Tudo e Não Fala Nada”; publicações no estilo “ctrl+c ctrl+v”, onde um sujeito copia trechos de diversos livros e cola tudo em um único arquivo, mas fica aquela coisa esquisita, parecendo colagem de uma criança no jardim de infância;

2.      Conseguir material de qualidade não é muito fácil, quanto mais aprofundado o assunto é, mais difícil será conseguir um material decente e bem fundamentado sobre o assunto.

 

Assim, vou disponibilizar aqui livros da minha biblioteca pessoal e a minha opinião sobre eles, mas é a minha opinião, a vantagem é que se você não gostar, poderá apagar o arquivo do seu computador.

      


Muita gente já se deparou com várias imagens que parecem saídas de um livro dos anos 1980, a maior parte em inglês, embora tenha algumas imagens em português, mas ainda não consegui essa versão. Trata-se do livro “100 Deadly Skills”, algo como “100 Habilidades Mortais”, do ex-Navy Seal Clint Emerson, com 20 anos de serviço nas forças armadas, Clint escreveu 3 livros sobre técnicas “mortais” (algumas nem tanto assim) para combate, sobrevivência, segurança e espionagem, o autor também publicou mais duas variações desse livro: “100 Deadly Skills: Survival Edition” – “100 Habilidades Mortais – Edição de Sobrevivência” e “100 Deadly Skills: Combat Edition” – “100 Habilidades Mortais – Edição de Combate”.

Só consegui por enquanto os 2 primeiros, ainda estou tentando conseguir a “Combat Edition”, mas vamos lá, o livro é bom? Sim, é um livro muito bom, direto e claro, mas vale aqui a orientação do apóstolo Paulo em I Tessalonicenses 5:1 “ mas ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom.”,  por que? Primeiro que a primeira vista, esse livro não parece grande coisa, pois ele traz uma explicação de uma página, traz um desenho explanando a “técnica” e esse desenho lembra muito algumas publicações feitas no Brasil nos anos 1970, mas isso não desmerece em nada esse livro, ele segue aqui a idéia do “arroz com feijão”, básico, objetivo e direto.


Por exemplo, o primeiro exemplo diz o seguinte:


 Anatomia de um nômade violento

 

            Além do potencial defensivo comum a muitas das habilidades deste livro, há muito que o civil pode aprender com a mentalidade de um agente. Primeiro e acima de tudo, essa mentalidade é definida pela preparação e consciência. Se em território de origem ou sob cobertura mais profunda, os agentes estão continuamente examinando o cenário geral para ameaças, mesmo quando elas não estão visíveis diariamente. Os civis também podem treinar suas mentes em hábitos como explorar rotas de saída em locais lotados, em restaurantes ou construir planos de fuga inesperados. Esse tipo de vigilância permite que um agente confrontado com um perigo repentino tome medidas imediatas.

        Quer esteja atravessando fronteiras, executando vigilância ou eliminando alvos perigosos e desaparecendo sem deixar rastros, o agente clandestino freqüentemente trabalha sozinho. Dado que ele muitas vezes se encontra atrás das linhas inimigas sem reforços, as habilidades de combate e contra-espionagem de um agente são definidas por uma aptidão igualmente sofisticada para avaliação e análise de riscos. Em um mundo cada vez mais perigoso, civis que estão atentos ao risco potencial (particularmente, mas não exclusivamente, quando viajam) estarão muitos passos à frente do população em geral.

 • • •

       O agente também demonstra uma predisposição básica para o anonimato. Cada agente clandestino é treinado para “ficar negro”, operando por longos períodos. períodos de tempo com comunicação limitada junto a seus associados. Operando sob radar, ele pode assumir a aparência externa de um estudante, um empresário, ou um viajante, pois entende que grupos terroristas ou governos das nações anfitriãs poderão estar “de olho nele” durante suas viagens - e que se for visto como um espião e preso, ele será sujeito a detenção e interrogatórios severos. Além disso, como um viajante, ele é vulnerável aos riscos de pequenos crimes e sequestros que se aplicam a qualquer civil que viaje para o exterior. Para combater tais riscos, o operativo adota a “neutralidade” (NOTA PESSOAL: entenda-se aqui, o famoso “gray man” ou “homem cinza”, você tem que passar do comum, para o inofensivo e daí para o invisível, nada em sua aparência pode denunciar sua postura, seu treinamento, sua profissão, sua pessoa, nada pode chamar a atenção), quanto possível. A regra geral é que quanto menos visível for o Nômade, mais seguro.

 



Se você analisar essa imagem, 1 milhão de coisas podem vir a sua cabeça, na minha análise, após ler o texto, entendo que a imagem mostra um homem no estilo "homem-cinza" (Não vou ficar usando o termo "gray man", primeiro porque sou brasileiro e a língua oficial do Brasil é o português, segundo, porque se temos que adaptar todos esses ensinamentos à nossa realidade, fazer o uso correto da língua portuguesa é o primeiro passo). mas que está armado, está com diversos itens de um EDC, conforme a sua necessidade, alguns estão escondidos no tênis, como uma chave de algemas na barra da perna esquerda e uma mini-bússola na barra da perna direita. 

Galera, parafraseando John Rambo no filme Rambo 2, "A melhor arma é a mente!", eu pessoalmente sempre acreditei e continuo acreditando nisso, mas o que isso tem a ver com a história? Simples, não adianta você portar um arsenal dentro das roupas, se você:

    1. Não sabe usar nenhuma arma;
    2. Não tem treinamento de tiro;
    3. Não tem treinamento com lâminas;
    4. Não sabe usar uma bússola;
    5. Está totalmente fora de forma, é sedentário;
    6. Não treina e nem se prepara para nada além da pelada de fim de semana.
           
         Se você se identificou em em algum dos pontos acima, então meu amigo, você só vai perder tempo e dinheiro. Numa situação real, estar cheio de equipamentos, mas sem preparo faz de você um alvo fácil, vai fazer com que você chame a atenção demais e acabe se dando mal.

            Existe hoje um grande abismo nessa questão da preparação e do sobrevivencialismo, muitos acham que isso aqui é coisa de maluco, outros olham e ficam com uma certa dúvida e outros implantam isso. Minha opinião? O ser humano é um sobrevivente por natureza, em maior ou menor grau, a preparação é algo que esteve presente ao longo do desenvolvimento da humanidade, mas que veio se perdendo nas últimas décadas, principalmente com o avanço da tecnologia, o comodismo das pessoas vem atingindo nível impressionantes, e a maior prova disso são as adversidades que vem ocorrendo e pegando a maioria totalmente despreparada, não falo aqui de guerras no Brasil, embora, vivamos vários tipos de guerra por aqui, a violência em alguns estados, principalmente o Rio de Janeiro e alguns estados Nordeste mostram isso, as crises econômicas que vivemos, sejam elas por questões externas ou internas, basta puxar à memória os famosos "planos econômicos", como os planos Bresser, Verão, Collor (esse é clássico), as crises mundiais das bolsas de valores, como as bolsas asiáticas, a "bolha" imobiliária americana, a crise da COVID-19, tudo isso fez com que muitos negócios "quebrassem", muitas pessoas perderam suas economias, seus empregos, casas, tudo. Ao longo da história, a preparação e o sobrevivencialismo voltaram a prática e isso tem crescido. Sinceramente? A Bíblia já avisa sobre isso em algumas passagens, como:

Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos e sê sábio. A qual, não tendo superior, nem oficial, nem dominador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento.  (Provérbios 6:6-8)

Estas quatro coisas são das mais pequenas da terra, mas sábias, bem providas de sabedoria: as formigas são um povo impotente; todavia, no verão preparam a sua comida; (Provérbios 30:24-25)

         Isso é a versão real da história da formiga e da cigarra, quando o inverno chegou, a cigarra quase morreu! Em algumas versões, ela de fato morreu de frio e fome, então, cada um livre para ter sua opinião a respeito da preparação e do sobrevivencialismo, eu prefiro ser como a formiga.

         Por ter sido escrito por um ex-agente SEAL, que atuou por mais de 20 anos em missões especiais e de contra-terrorismo, é óbvio que esse livro traz muitas orientações para pessoas “em campo” (agentes, militares, especialistas em contra-terrorismo), isso incluí algumas ilustrações “mais pesadas” sobre como agir contra seus inimigos, mas boa parte desse material, boa parte mesmo, pode ser adaptada e utilizada no dia-a-dia de qualquer pessoa, principalmente nos dias atuais.

Existe uma versão desse livro em português, mas eu ainda não a consegui, por isso, estou disponibilizando o pdf da versão em inglês, mas não é nada impossível de se ler e os desenhos são bem auto-explicativos.

Reafirmo, que o ideal quando se lê esse tipo de livro é a prática, o treinamento do que está ali, pois isso vai permitir que você se acostume e corrija possíveis erros, também vai permitir que você adapte o que está ali para a sua vivência.

O link para baixar o livro está logo abaixo.

100 Deadly Skills - Download


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