Em meio a tanta
correria e preocupação em tempos de epidemias e pandemias, quero discorrer um
pouco sobre a questão do Bushcraft em toda essa história.
Tão antiga e
talvez até mais antiga que as primeiras pragas na história, o bushcraft foi a
primeira forma da humanidade de subsistir, fosse como coletores, caçadores e
depois evoluindo para agricultores, o bushcraft foi o elo de ligação do homem
com a natureza e com sua própria evolução. A partir do momento em que a
humanidade começou a se aglomerar mais, utilizar mais os recursos naturais e
enfrentar os primeiros problemas com questões sanitárias, começaram a surgir os
problemas com epidemias e isso é facilmente provado, pois as principais
pandemias da história da humanidade tem como ponto comum:
- Falta de higiene;
- Contaminação dos principais recursos naturais, entre eles a água;
- Piora na qualidade de vida com a destruição do meio-ambiente.
Acha
que não? Vamos aos fatos:
·
PESTE
NEGRA
Ø 50 milhões de mortos (Europa e Ásia) – 1333
a 1351;
Ø História: A
peste bubônica ganhou o nome de peste negra por causa da pior epidemia que
atingiu a Europa, no século 14. Ela foi sendo combatida à medida que se
melhorou a higiene e o saneamento das cidades, diminuindo a população de ratos
urbanos;
Ø Contaminação: Causada
pela bactéria Yersinia pestis, comum em roedores como o rato. É
transmitida para o homem pela pulga desses animais contaminados;
Ø Sintomas: Inflamação
dos gânglios linfáticos, seguida de tremedeiras, dores localizadas, apatia,
vertigem e febre alta;
Ø Tratamento: À
base de antibióticos. Sem tratamento, mata em 60% dos casos.
·
CÓLERA
Ø Centenas de milhares de mortos – 1817 a 1824;
Ø História – Conhecida
desde a Antiguidade, teve sua primeira epidemia global em 1817. Desde então, o
vibrião colérico (Vibrio cholerae) sofreu diversas
mutações, causando novos ciclos epidêmicos de tempos em tempos;
Ø Contaminação – Por
meio de água ou alimentos contaminados;
Ø Sintomas – A
bactéria se multiplica no intestino e elimina uma toxina que provoca diarréia
intensa;
Ø Tratamento – À
base de antibióticos. A vacina disponível é de baixa eficácia (50% de
imunização).
·
TUBERCULOSE
Ø 1 bilhão de mortos – 1850 a 1950;
Ø História – Sinais
da doença foram encontrados em esqueletos de 7 000 anos atrás. O combate foi
acelerado em 1882, depois da identificação do bacilo de Koch, causador da
tuberculose. Nas últimas décadas, ressurgiu com força nos países pobres,
incluindo o Brasil, e como doença oportunista nos pacientes de Aids;
Ø Contaminação – Altamente
contagiosa, transmite-se de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias;
Ø Sintomas – Ataca
principalmente os pulmões;
Ø Tratamento – À
base de antibióticos, o paciente é curado em até seis meses.
·
VARÍOLA
Ø 300 milhões de mortos – 1896 a 1980;
Ø História – A
doença atormentou a humanidade por mais de 3 000 anos. Até figurões como o
faraó egípcio Ramsés II, a rainha Maria II da Inglaterra e o rei Luís XV da
França tiveram a temida “bixiga”. A vacina foi descoberta em 1796;
Ø Contaminação – O
Orthopoxvírus variolae era transmitido de pessoa para pessoa, geralmente por
meio das vias respiratórias;
Ø Sintomas – Febre,
seguida de erupções na garganta, na boca e no rosto. Posteriormente, pústulas
que podiam deixar cicatrizes no corpo;
Ø Tratamento – Erradicada
do planeta desde 1980, após campanha de vacinação em massa.
·
GRIPE
ESPANHOLA
Ø 20 milhões de mortos – 1918 a 1919;
Ø História – O
vírus Influenza é um dos maiores carrascos da humanidade. A mais grave epidemia
foi batizada de gripe espanhola, embora tenha feito vítimas no mundo todo. No
Brasil, matou o presidente Rodrigues Alves;
Ø Contaminação – Propaga-se
pelo ar, por meio de gotículas de saliva e espirros;
Ø Sintomas – Fortes
dores de cabeça e no corpo, calafrios e inchaço dos pulmões;
Ø Tratamento – O
vírus está em permanente mutação, por isso o homem nunca está imune. As vacinas
antigripais previnem a contaminação com formas já conhecidas do vírus.
·
TIFO
Ø 3 milhões de mortos (Europa Oriental e Rússia) – 1918 a 1922;
Ø História – A
doença é causada pelas bactérias do gênero Rickettsia. Como a
miséria apresenta as condições ideais para a proliferação, o tifo está ligado a
países do Terceiro Mundo, campos de refugiados e concentração, ou guerras;
Ø Contaminação – O
tifo exantemático (ou epidêmico) aparece quando a pessoa coça a picada da pulga
e mistura as fezes contaminadas do inseto na própria corrente sangüínea. O tifo
murino (ou endêmico) é transmitido pela pulga do rato;
Ø Sintomas – Dor
de cabeça e nas articulações, febre alta, delírios e erupções cutâneas
hemorrágicas;
Ø Tratamento – À
base de antibióticos.
·
FEBRE
AMARELA
Ø 30 000 mortos (Etiópia) – 1960 a 1962;
Ø História – O
Flavivírus, que tem uma versão urbana e outra silvestre, já causou grandes
epidemias na África e nas Américas;
Ø Contaminação – A
vítima é picada pelo mosquito transmissor, que picou antes uma pessoa infectada
com o vírus;
Ø Sintomas – Febre
alta, mal-estar, cansaço, calafrios, náuseas, vômitos e diarréia. 85% dos
pacientes recupera-se em três ou quatro dias. Os outros podem ter sintomas mais
graves, que podem levá-los à morte;
Ø Tratamento – Existe
vacina, que pode ser aplicada a partir dos 12 meses de idade e renovada a cada
dez anos.
·
SARAMPO
Ø 6 milhões de mortos por ano – Até 1963;
Ø História – Era
uma das causas principais de mortalidade infantil até a descoberta da primeira
vacina, em 1963. Com o passar dos anos, a vacina foi aperfeiçoada, e a doença
foi erradicada em vários países;
Ø Contaminação – Altamente
contagioso, o sarampo é causado pelo vírus Morbillivirus, propagado por meio
das secreções mucosas (como a saliva, por exemplo) de indivíduos doentes;
Ø Sintomas – Pequenas
erupções avermelhadas na pele, febre alta, dor de cabeça, mal-estar e
inflamação das vias respiratórias;
Ø Tratamento – Existe
vacina, aplicada aos nove meses de idade e reaplicada aos 15 meses.
·
MALÁRIA
Ø 3 milhões de mortos por ano – Desde 1980;
Ø História – Em
1880, foi descoberto o protozoário Plasmodium, que causa a doença. A OMS
considera a malária a pior doença tropical e parasitária da atualidade,
perdendo em gravidade apenas para a Aids;
Ø Contaminação – Pelo
sangue, quando a vítima é picada pelo mosquito Anopheles contaminado com o
protozoário da malária;
Ø Sintomas – O
protozoário destrói as células do fígado e os glóbulos vermelhos e, em alguns
casos, as artérias que levam o sangue até o cérebro;
Ø Tratamento – Não
existe uma vacina eficiente, apenas drogas para tratar e curar os sintomas.
·
AIDS
Ø 22 milhões de mortos – Desde 1981;
Ø História – A
doença foi identificada em 1981, nos Estados Unidos, e desde então foi
considerada uma epidemia pela Organização Mundial de Saúde;
Ø Contaminação – O
vírus HIV é transmitido através do sangue, do esperma, da secreção vaginal e do
leite materno;
Ø Sintomas – Destrói
o sistema imunológico, deixando o organismo frágil a doenças causadas por
outros vírus, bactérias, parasitas e células cancerígenas;
Ø Tratamento – Não
existe cura. Os soropositivos são tratados com coquetéis de drogas que inibem a
multiplicação do vírus, mas não o eliminam do organismo.
·
GRIPE SUÍNA
Ø 150 mil a
575 mil mortos desde 2009;
Ø História - Também chamada de H1N1, a doença foi declarada como
uma pandemia (quando a infecção ocorre na população localizada em uma grande
região geográfica) pela OMS. Em meados de março de 2009, ela foi caracterizada
como um surto global e matou mais de 2 mil pessoas só no Brasil.
Ø Contaminação - pode ser transmitida através do contato com objetos
contaminados, gotículas respiratórias no ar e contato com a saliva de alguém
que esteja com o vírus,acontece de pessoa para pessoa, pelo contato com
gotículas da saliva por meio da fala, espirros ou tosse
Ø Sintomas - Com sintomas de febre, tosse, dor de garganta,
calafrios e dores no corpo, a gripe recebeu esse nome porque muitos de seus
genes eram semelhantes aos dos vírus que afetavam porcos na América do Norte.
Ø Tratamento - Pesquisas realizadas têm mostrado que o vírus H1N1
é sensível aos compostos zanamivir (vendido com o nome comercial de Relenza)
e oseltamivir (nome
comercial: Tamiflu).
Tais medicamentos são usados também para combater outras variantes de
vírus influenza.
Ora, ao longo da história, as piores epidemias e pandemias tiveram como melhora em seus vetores de transmissão a falta de cuidados básicos de higiene, a poluição e a destruição do meio ambiente e entenda-se por destruição o crescimento desordenado da população mundial, principalmente a grandes aglomerações urbanas, é fato que esse crescimento não foi acompanhado de estruturas básicas de saúde e saneamento básico, e para piorar, a contaminação da água em suas diversas formas – nascentes, córregos, rios, mares, oceanos – tornou a disseminação ainda mais rápida e fatal, principalmente em países mais pobres.
E onde entra o bushcraft nessa
história? Bom, entra já com o conceito de respeito e conservação da natureza,
dos recursos, de se causar o menor impacto possível, mas isso é assunto para o
próximo tópico!
Um
abraço!
Kelsen Pio Belo Coelho
Fontes: Organização Mundial de Saúde (OMS) e Fundação Oswaldo Cruz. https://super.abril.com.br/saude/as-grandes-epidemias-ao-longo-da-historia/
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