segunda-feira, março 23, 2020

O Bushcraft e o COVID-19 – Parte 1

     
           Em meio a tanta correria e preocupação em tempos de  epidemias e pandemias, quero discorrer um pouco sobre a questão do Bushcraft em toda essa história.


        Tão antiga e talvez até mais antiga que as primeiras pragas na história, o bushcraft foi a primeira forma da humanidade de subsistir, fosse como coletores, caçadores e depois evoluindo para agricultores, o bushcraft foi o elo de ligação do homem com a natureza e com sua própria evolução. A partir do momento em que a humanidade começou a se aglomerar mais, utilizar mais os recursos naturais e enfrentar os primeiros problemas com questões sanitárias, começaram a surgir os problemas com epidemias e isso é facilmente provado, pois as principais pandemias da história da humanidade tem como ponto comum:
  1.  Falta de higiene;
  2.  Contaminação dos principais recursos naturais, entre eles a água;
  3.  Piora na qualidade de vida com a destruição do meio-ambiente.

        

         Acha que não? Vamos aos fatos:

·        PESTE NEGRA
Ø 50 milhões de mortos (Europa e Ásia) – 1333 a 1351;
Ø História: A peste bubônica ganhou o nome de peste negra por causa da pior epidemia que atingiu a Europa, no século 14. Ela foi sendo combatida à medida que se melhorou a higiene e o saneamento das cidades, diminuindo a população de ratos urbanos;
Ø Contaminação: Causada pela bactéria Yersinia pestis, comum em roedores como o rato. É transmitida para o homem pela pulga desses animais contaminados;
Ø Sintomas: Inflamação dos gânglios linfáticos, seguida de tremedeiras, dores localizadas, apatia, vertigem e febre alta;
Ø Tratamento: À base de antibióticos. Sem tratamento, mata em 60% dos casos.

·        CÓLERA

Ø Centenas de milhares de mortos – 1817 a 1824;
Ø História – Conhecida desde a Antiguidade, teve sua primeira epidemia global em 1817. Desde então, o vibrião colérico (Vibrio cholerae) sofreu diversas mutações, causando novos ciclos epidêmicos de tempos em tempos;
Ø Contaminação – Por meio de água ou alimentos contaminados;
Ø Sintomas – A bactéria se multiplica no intestino e elimina uma toxina que provoca diarréia intensa;
Ø Tratamento – À base de antibióticos. A vacina disponível é de baixa eficácia (50% de imunização).

·        TUBERCULOSE

Ø 1 bilhão de mortos – 1850 a 1950;
Ø História – Sinais da doença foram encontrados em esqueletos de 7 000 anos atrás. O combate foi acelerado em 1882, depois da identificação do bacilo de Koch, causador da tuberculose. Nas últimas décadas, ressurgiu com força nos países pobres, incluindo o Brasil, e como doença oportunista nos pacientes de Aids;
Ø Contaminação – Altamente contagiosa, transmite-se de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias;
Ø Sintomas – Ataca principalmente os pulmões;
Ø Tratamento – À base de antibióticos, o paciente é curado em até seis meses.

·        VARÍOLA

Ø 300 milhões de mortos – 1896 a 1980;
Ø História – A doença atormentou a humanidade por mais de 3 000 anos. Até figurões como o faraó egípcio Ramsés II, a rainha Maria II da Inglaterra e o rei Luís XV da França tiveram a temida “bixiga”. A vacina foi descoberta em 1796;
Ø Contaminação – O Orthopoxvírus variolae era transmitido de pessoa para pessoa, geralmente por meio das vias respiratórias;
Ø Sintomas – Febre, seguida de erupções na garganta, na boca e no rosto. Posteriormente, pústulas que podiam deixar cicatrizes no corpo;
Ø Tratamento – Erradicada do planeta desde 1980, após campanha de vacinação em massa.

·        GRIPE ESPANHOLA

Ø 20 milhões de mortos – 1918 a 1919;
Ø História – O vírus Influenza é um dos maiores carrascos da humanidade. A mais grave epidemia foi batizada de gripe espanhola, embora tenha feito vítimas no mundo todo. No Brasil, matou o presidente Rodrigues Alves;
Ø Contaminação – Propaga-se pelo ar, por meio de gotículas de saliva e espirros;
Ø Sintomas – Fortes dores de cabeça e no corpo, calafrios e inchaço dos pulmões;
Ø Tratamento – O vírus está em permanente mutação, por isso o homem nunca está imune. As vacinas antigripais previnem a contaminação com formas já conhecidas do vírus.

·        TIFO

Ø 3 milhões de mortos (Europa Oriental e Rússia) – 1918 a 1922;
Ø História – A doença é causada pelas bactérias do gênero Rickettsia. Como a miséria apresenta as condições ideais para a proliferação, o tifo está ligado a países do Terceiro Mundo, campos de refugiados e concentração, ou guerras;
Ø Contaminação – O tifo exantemático (ou epidêmico) aparece quando a pessoa coça a picada da pulga e mistura as fezes contaminadas do inseto na própria corrente sangüínea. O tifo murino (ou endêmico) é transmitido pela pulga do rato;
Ø Sintomas – Dor de cabeça e nas articulações, febre alta, delírios e erupções cutâneas hemorrágicas;
Ø Tratamento – À base de antibióticos.

·        FEBRE AMARELA

Ø 30 000 mortos (Etiópia) – 1960 a 1962;
Ø História – O Flavivírus, que tem uma versão urbana e outra silvestre, já causou grandes epidemias na África e nas Américas;
Ø Contaminação – A vítima é picada pelo mosquito transmissor, que picou antes uma pessoa infectada com o vírus;
Ø Sintomas – Febre alta, mal-estar, cansaço, calafrios, náuseas, vômitos e diarréia. 85% dos pacientes recupera-se em três ou quatro dias. Os outros podem ter sintomas mais graves, que podem levá-los à morte;
Ø Tratamento – Existe vacina, que pode ser aplicada a partir dos 12 meses de idade e renovada a cada dez anos.

·        SARAMPO

Ø 6 milhões de mortos por ano – Até 1963;
Ø História – Era uma das causas principais de mortalidade infantil até a descoberta da primeira vacina, em 1963. Com o passar dos anos, a vacina foi aperfeiçoada, e a doença foi erradicada em vários países;
Ø Contaminação – Altamente contagioso, o sarampo é causado pelo vírus Morbillivirus, propagado por meio das secreções mucosas (como a saliva, por exemplo) de indivíduos doentes;
Ø Sintomas – Pequenas erupções avermelhadas na pele, febre alta, dor de cabeça, mal-estar e inflamação das vias respiratórias;
Ø Tratamento – Existe vacina, aplicada aos nove meses de idade e reaplicada aos 15 meses.

·        MALÁRIA

Ø 3 milhões de mortos por ano – Desde 1980;
Ø História – Em 1880, foi descoberto o protozoário Plasmodium, que causa a doença. A OMS considera a malária a pior doença tropical e parasitária da atualidade, perdendo em gravidade apenas para a Aids;
Ø Contaminação – Pelo sangue, quando a vítima é picada pelo mosquito Anopheles contaminado com o protozoário da malária;
Ø Sintomas – O protozoário destrói as células do fígado e os glóbulos vermelhos e, em alguns casos, as artérias que levam o sangue até o cérebro;
Ø Tratamento – Não existe uma vacina eficiente, apenas drogas para tratar e curar os sintomas.

·        AIDS

Ø 22 milhões de mortos – Desde 1981;
Ø História – A doença foi identificada em 1981, nos Estados Unidos, e desde então foi considerada uma epidemia pela Organização Mundial de Saúde;
Ø Contaminação – O vírus HIV é transmitido através do sangue, do esperma, da secreção vaginal e do leite materno;
Ø Sintomas – Destrói o sistema imunológico, deixando o organismo frágil a doenças causadas por outros vírus, bactérias, parasitas e células cancerígenas;
Ø Tratamento – Não existe cura. Os soropositivos são tratados com coquetéis de drogas que inibem a multiplicação do vírus, mas não o eliminam do organismo.

·         GRIPE SUÍNA
Ø 150 mil a 575 mil mortos desde 2009;
Ø História - Também chamada de H1N1, a doença foi declarada como uma pandemia (quando a infecção ocorre na população localizada em uma grande região geográfica) pela OMS. Em meados de março de 2009, ela foi caracterizada como um surto global e matou mais de 2 mil pessoas só no Brasil.
Ø Contaminação - pode ser transmitida através do contato com objetos contaminados, gotículas respiratórias no ar e contato com a saliva de alguém que esteja com o vírus,acontece de pessoa para pessoa, pelo contato com gotículas da saliva por meio da fala, espirros ou tosse
Ø Sintomas - Com sintomas de febre, tosse, dor de garganta, calafrios e dores no corpo, a gripe recebeu esse nome porque muitos de seus genes eram semelhantes aos dos vírus que afetavam porcos na América do Norte.
Ø Tratamento - Pesquisas realizadas têm mostrado que o vírus H1N1 é sensível aos compostos zanamivir (vendido com o nome comercial de Relenza) e oseltamivir (nome comercial: Tamiflu). Tais medicamentos são usados também para combater outras variantes de vírus influenza.

       
        Ora, ao longo da história, as piores epidemias e pandemias tiveram como melhora em seus vetores de transmissão a falta de cuidados básicos de higiene, a poluição e a destruição do meio ambiente e entenda-se por destruição o crescimento desordenado da população mundial, principalmente a grandes aglomerações urbanas, é fato que esse crescimento não foi acompanhado de estruturas básicas de saúde e saneamento básico, e para piorar, a contaminação da água em suas diversas formas – nascentes, córregos, rios, mares, oceanos – tornou a disseminação ainda mais rápida e fatal, principalmente em países mais pobres.

         E onde entra o bushcraft nessa história? Bom, entra já com o conceito de respeito e conservação da natureza, dos recursos, de se causar o menor impacto possível, mas isso é assunto para o próximo tópico!

Um abraço!

Kelsen Pio Belo Coelho

Fontes: Organização Mundial de Saúde (OMS) e Fundação Oswaldo Cruz. https://super.abril.com.br/saude/as-grandes-epidemias-ao-longo-da-historia/



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