segunda-feira, janeiro 11, 2016

Renato e Bowie - A Tempestade e Lázarus





Esta manhã acordei com uma notícia, primeiro foi a morte do camaleão do rock David Bowie ontem, dia 10/01/2016, bom há pouco tempo, Bowie lançou um vídeo-clipe da música “Lazarus”, onde o cantor brincava com a questão da sua morte, o que de fato se tornou a sua obra de despedida, mas a lembrança maior que me veio foi durante o lançamento do CD “A Tempestade”, da Legião Urbana, onde o vocalista Renato Russo, já diagnosticado com Aids, trabalhava em seu último CD, com canções que já mostravam seu estado e sua certeza de morte, na minha opinião, ambos ícones, é inevitável falar que Renato ouviu e aprendeu muito com Bowie, e isso se refletiu com certeza no trabalho da Legião Urbana. Bowie não foi chamado de “camaleão do rock” à toa, foi um revolucionário, com suas músicas, letras e estilos, que não permitia que o rock caminhasse para um marasmo, uma repetição, Renato fez o mesmo por aqui, pena que problemas com a mídia, gravadoras e alguns setores da imprensa, não deram à banda uma maior e mais merecido reconhecimento – o episódio do quebra-quebra no show de Brasília em 1988 é um exemplo de como isso gerou uma mágoa entre a banda e Brasília – mesmo que tardio.
         A música “Lazarus” de Bowie, acaba fazendo referência à passagem bíblica de João 11, onde Cristo ressuscita o irmão de Marta e Maria, Lázaro, que já estava morto há 3 dias, no clip, Bowie brinca com a questão da morte, mas diversos momentos mostram uma pessoa que parece gritar aos céus por um milagre, por algo que o “ressuscite” e de a ele uma nova vida, e momentos que lembram o grande Charles Chaplin, mostrando um artista lutando para terminar sua obra a todo e qualquer custo, o desespero por ter um apagão de idéias, e no final, se recolher para o fundo solitário e escuro de um armário, finalizando ali sua caminhada.
         Parece que assim como Renato, Bowie já havia aceitado sua condição final e apenas esperava o que lhe parecia – e foi – inevitável, a morte, ambos deixaram sua marca na história da música, e em várias gerações, a história dará a eles o seu reconhecimento, que suas partidas sejam seus últimos solos para a eternidade. Descansem em Paz.

Kelsen Pio Belo Coelho

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