

Esta manhã acordei com uma notícia, primeiro foi a
morte do camaleão do rock David Bowie ontem, dia 10/01/2016, bom há pouco
tempo, Bowie lançou um vídeo-clipe da música “Lazarus”, onde o cantor brincava
com a questão da sua morte, o que de fato se tornou a sua obra de despedida,
mas a lembrança maior que me veio foi durante o lançamento do CD “A Tempestade”,
da Legião Urbana, onde o vocalista Renato Russo, já diagnosticado com Aids,
trabalhava em seu último CD, com canções que já mostravam seu estado e sua
certeza de morte, na minha opinião, ambos ícones, é inevitável falar que Renato
ouviu e aprendeu muito com Bowie, e isso se refletiu com certeza no trabalho da
Legião Urbana. Bowie não foi chamado de “camaleão do rock” à toa, foi um
revolucionário, com suas músicas, letras e estilos, que não permitia que o rock
caminhasse para um marasmo, uma repetição, Renato fez o mesmo por aqui, pena
que problemas com a mídia, gravadoras e alguns setores da imprensa, não deram à
banda uma maior e mais merecido reconhecimento – o episódio do quebra-quebra no
show de Brasília em 1988 é um exemplo de como isso gerou uma mágoa entre a
banda e Brasília – mesmo que tardio.
A música “Lazarus” de Bowie, acaba
fazendo referência à passagem bíblica de João 11, onde Cristo ressuscita o irmão
de Marta e Maria, Lázaro, que já estava morto há 3 dias, no clip, Bowie brinca
com a questão da morte, mas diversos momentos mostram uma pessoa que parece
gritar aos céus por um milagre, por algo que o “ressuscite” e de a ele uma nova
vida, e momentos que lembram o grande Charles Chaplin, mostrando um artista
lutando para terminar sua obra a todo e qualquer custo, o desespero por ter um
apagão de idéias, e no final, se recolher para o fundo solitário e escuro de um
armário, finalizando ali sua caminhada.
Parece que assim como Renato, Bowie já
havia aceitado sua condição final e apenas esperava o que lhe parecia – e foi –
inevitável, a morte, ambos deixaram sua marca na história da música, e em
várias gerações, a história dará a eles o seu reconhecimento, que suas partidas
sejam seus últimos solos para a eternidade. Descansem em Paz.
Kelsen Pio Belo Coelho