Com a chegada de "Faroeste Caboclo: o Filme", viseite o site: Faroeste Caboclo: o Filme muitas histórias e fatos vão surgindo ou sendo relembrados, eu mesmo tenho lido muita coisa a respeito e ouvindo novamente a música - ouço Legião Urbana sim - analisei um pouco a letra de Faroeste Caboclo e ao ouvir o trecho "Organizaou a Rockonha e fez todo mundo dançar", fiquei intrigado com o nome "Rockonha", sabendo que a música é um fábula mas com fatos e cenários reais, ficou a pergunta, o que exatamente estava por trás da "Rockonha", bom, lá fui eu para o Google e para minha supresa a Rockonha de fato existiu, e acabei encontrando a história dela publicada no site, vale a pena ler e imaginar um pouco como era a Brasília da década de 70 onde a "galera" dançava, tripudiava e apanhava com certa freqüência dos "cachorrões" da ditatura - o termo "cachorrão" é como eram e ainda são chamados os PEs - Policiais do Exército - em plena atividade naqueles anos de chumbo.
Rockonha: para todo mundo dançar
A história contada por Renato Russo em “Faroeste Caboclo” pode ser
fictícia, mas a Rockonha não. A diferença é que não foi um “traficante
de renome” que organizou a festa. Jeremias é personagem de Renato Russo.
Paulo Cézar Alencar de Almeida, hoje empresário de 49 anos, foi apenas
um jovem estudante quando realizou esse evento memorável, que marcou a
história do rock da capital federal.
“A música foi feita bem depois da festa. Não fiquei com fama de
traficante. Depois de 30 anos que um ou outro brinca comigo ‘Ô seu
Jeremias!’, mas nem ligo. Na década de 80 Renato não era nada, ninguém
conhecia. Eu que era o famoso ”, brinca o empresário.
Na época do “sexo, drogas e rock and roll”, tudo que
adolescentes da década de 1980 queriam era liberdade. Se a Ditadura
vigiava os passos desses garotos, garantindo a “participação especial”
de camburões da polícia, cassetetes e baculejos nas noitadas desses
jovens “subversivos”, o jeito era se rebelar e criar ondas libertárias,
como a Rockonha, e desafiar a polícia.
O “desafio” de encher a casa dos pais e curtir livremente o som dos
anos 80, porém, teve um problema de concepção: o nome estampado no
convite. A ousadia adolescente de batizar a festa com a mistura das
palavras rock e maconha radicalizou-se já na segunda edição. O convite
para “um som viajante baseado no bosque” foi impresso em seda de fumo,
por um dos amigos de Paulo, que descolou nada mais, nada menos do que a
gráfica do senado para rodar os convites!
O convite percorreu a cidade, mobilizando centenas, ou mesmo milhares
de jovens. O destino? Uma chácara de pamonhas e batatas na entrada de
Sobradinho. Destino também da policia, que produziu uma entrada
apoteótica logo no começo da festa. Daí o duplo sentido, expresso na
letra de “Faroeste Caboclo”, em “organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar“.
Renato Russo foi um que dançou. Chegou à festa em tempo para se
juntar ao grupo dos cidadãos comuns presos pela tropa de choque. Porém,
nem todos que dançaram efetivamente “dançaram”. Foram poupados filhos de
militares e de autoridades, o que amplificou ainda mais a repercussão
do lendário evento.
“Depois que a Rockonha saiu em reportagens, virou letra de
música, foi tema no Jô Soares, apareceu cada história absurda! Todo
mundo quer dizer que foi pra ficar na história”, conta Paulo Cézar.
Justamente, para relembrar e celebrar os 30 anos do acontecimento, o
dono da chácara mais ilustre da Brasília dos anos de chumbo quer lançar,
ainda este ano, um sugestivo “Jeremias convida” no convite oficial do
que será a terceira edição da Rockonha.
Paulo Cézar pretende chamar Dinho Ouro-Preto, Plebe Rude e outras
bandas para embalar a noite, e garante: desta vez a ideia é que a
polícia ajude a manter o ambiente organizado e não que invada e acabe
com a diversão. Além disso, Paulo quer contar com o apoio da
administração de Sobradinho. A expectativa é que a mídia dê destaque ao
evento eternizado pela canção de Renato Russo, e que compareçam pelo
menos três mil pessoas. Se der certo, Paulo pretende transformar a
Rockonha em um grande festival anual.