quinta-feira, dezembro 01, 2011

Exclusão começa cedo....

Estava em casa, assistindo um filme que passava na Tv a cabo, no canal da Universal, chamado "Mágia Além das Palavras" (Strange Magic), baseado em uma biografia não-autorizada da autora da série Harry Potter, Joanne K. Rowling", o filme é bem interessante ao contar a determinação da autora do bruxinho, mas um fato me chamou a atenção foi o hábito do autor do livro, após o lançamento, ir até uma livraria e ler para o público alguns capítulos do livro, além de responder algumas perguntas dos fãs; me lembrei de ter lido várias reportagens sobre o assunto e de como era disputada a leitura feita pela própria autora, há quem diga que parecia entrega do oscar, com direito a sorteio altamento controlado, seguranças, local reservado, limusine, etc..., bom, foram poucas as vezes em que vi isso por aqui, autores lendo seus livros para leitores, acho que vi isso poucas vezes em algumas livrarias de shoppings, e menos ainda em bibliotecas públicas.
Na Bíblia, em Atos dos Apóstolos 8:26-40, relata a história do apóstolo Filipe, que é conduzido pelo Espírito Santo ao encontro de um importante Eunuco, ministro da rainha de Candace da Etiópia, e que estava lendo o profeta Isaías, mas que não estava entendendo nada, então ocorre o seguinte :

"Filipe aproximou-se e ouviu que o eunuco lia o profeta Isaías, e perguntou-lhe: Porventura entendes o que estás lendo? 
Respondeu-lhe: Como é que posso, se não há alguém que me explique? E rogou a Filipe que subisse e se sentasse junto dele."
 
Filipe perguntou: subiu no carro do Eunuco, lê para ele e explica o conteúdo, e a história segue, mas o que chama a atenção foi a primeira parte, em que ao ser perguntado se estava entendendo, o Eunuco diz "como posso entender, se não há alguém que me explique?". Bom, após alguém ler e explicar, o Eunuco entendeu, isso me fez pensar em alguns fatos, os índices de analfabetismo, até mesmo o analfabetismo funcional são alarmantes, o nível de ensino nas escolas públicas, principalmente no ensino fundamental é muito baixo, onde o principal problema é falta de leitura ou de compreensão do que se lê das crianças. Há tempos não se vê no país algo que deveria ser comum, salas de leitura, trabalhos com leitura para crianças, formas de se incentivar a curiosidade e o prazer de ler, até mesmo no caso do fenômeno Harry Potter, pois os livros não eram baratos - principalmente sendo a mina de ouro que são - então, como permitir a uma criança com poucos recursos poder ler esse livro? Bom, temos as bibliotecas públicas, aí não sei se é uma grande vantagem, pois a realidade da maioria delas beira entre o deprimente o desastroso, com poucas excessões ficando um pouco acima da linha da mediocridade e perto do sofrível, então, querendo ou não, vemos aí diversas formas de exclusão, pois para um autor ler em uma livraria dentro de um shopping é até fácil, mas o público que está lá não é em sua maioria o mesmo de áreas mais carentes, de escolas públicas mais simples.
Se Monteiro Lobato, o grande criador de um dos maiores e mais fantásticos universos infantis, estivesse vivo, com certeza o veríamos fazendo esse trabalho em escolas públicas, áreas carentes, invasões, etc., mas tanto ele, como Cora Coralina, Érico Veríssimo, Oswald de Andrade, entre outros, só podem ver uma nação que se compõe cada vez mais de exclusões indiretas, que criam milhões de "ignorantes" por não dar a eles simplesmente uma chance, ou por simplesmente, não ter nínguem que possa ler e explicar.

Kelsen Pio Belo Coelho

Problemas com a mídia

Ao ler o Correio Braziliense de hoje, dia 01/12/2011, uma notícia me chamou a atenção no editorial do jornal: "Arapongas do Senado usam programa da CIA que custa R$ 96 mil anuais" http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica-brasil-economia/33,65,33,14/2011/12/01/interna_politica,280917/arapongas-do-senado-usam-programa-da-cia-que-custa-r-96-mil-anuais.shtml, a notícia a princípio nos deixa indignados com mais uma notícia de desperdício do dinheiro público, mas ao ler a notícia e analisar com calma, fica clara a manipulação da notícia por parte do jornal, o gasto anual de R$96 mil reais pelo software, permite a investigação de casos pesados de corrupção no valor de milhões de reais cada caso, ou seja, o programa mais do que se paga.
Existe um grande problema hoje com os meios de informação que temos disponíveis, vivemos uma total falta de integridade de boa parte da mídia, ou no mínimo de falta de conhecimento do que se escreve, não existe nada de graça hoje, tudo tem seu preço mas parece que isso não está claro para quem escreve notícias em jornais, uma pena, pois com os avanços tecnológicos, as ferramentas e meios para cybercrimes são imensas, e para combatê-las é preciso ter um arsenal ainda maior e mais poderoso, pois assim, casos graves como os crimes contra o INSS, que já estão na casa dos bilhões de reais não ocorreriam tanto e seria possível descobrir, prender e processar os culpados.